Doença coronária

A Doença Coronária é uma doença crónica comum na sociedade moderna que atinge, em Portugal, quase meio milhão de pessoas. Trata-se de uma condição que se desenvolve ao longo dos anos, "mas pode ter agudizações súbitas, como o enfarte agudo do miocárdio". Além disso, está associada a inúmeros fatores de risco, sendo que alguns, como a idade e o sexo, não são modificáveis, mas outros, nomeadamente, o excesso de peso e o tabagismo são. Como é uma doença crónica e progressiva, não é curável, mas tratável. Isto é, com alguns tratamentos, assim como mudanças significativas no estilo de vida, é possível tratá-la.

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O que é a doença coronária? 

A doença coronária caracteriza-se pela deposição de gordura e cálcio (aterosclerose) na parede dos vasos sanguíneos que irrigam o coração, as artérias coronárias, levando à sua obstrução progressiva e à consequente diminuição do fluxo de sangue rico em oxigénio e nutrientes necessários para o normal funcionamento do músculo cardíaco. Este processo é gradual ao longo de anos, mas pode ter agudizações súbitas, como o enfarte agudo do miocárdio. Ocorre também noutras artérias do corpo humano, sendo mais frequente em pessoas com um ou mais fatores de risco cardiovascular.


Quais são os fatores de risco? O género também é um fator? 

Há fatores de risco que não podem ser modificados, como a idade, o sexo masculino (embora a partir da menopausa o risco seja equivalente entre homens e mulheres) e o histórico familiar de doença coronária, mas há outros que são modificáveis e que podem ser controlados com alterações ao estilo de vida ou medicação, como o excesso de peso, o sedentarismo, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e os níveis elevados de pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue. Os fatores de risco potenciam-se uns aos outros (por exemplo, o excesso de peso aumenta a probabilidade de ter o colesterol e a pressão arterial elevados).


É algo comum? Afeta muitos portugueses? 

É uma doença crónica comum na sociedade moderna atingindo, em Portugal, quase meio milhão de pessoas. É importante relembrar que as doenças cardiovasculares, em particular a doença coronária e a doença vascular cerebral, continuam a ser a primeira causa de morte em Portugal, correspondendo a cerca de 30% de todas as mortes por ano.


A doença coronária também pode passar despercebida durante anos, manifestando-se mais tarde por sintomas de insuficiência cardíaca, como o cansaço fácil com o esforço.


Quais são os sintomas associados à doença?

O principal sintoma associado à doença coronária é a angina de peito, uma sensação de aperto, queimadura ou opressão no meio (esterno) ou no lado esquerdo do peito (precórdio), podendo também atingir o pescoço, o queixo, as costas, os braços ou até mesmo o estômago, com duração habitualmente inferior a 10 minutos, sendo despoletada pelo esforço e aliviada pelo repouso.


Esta dor pode ser acompanhada de falta de ar / dificuldade em respirar, suores, náuseas, tonturas e mal-estar geral. No caso do enfarte agudo do miocárdio, os sintomas são semelhantes, mas geralmente mais intensos e de duração mais prolongada (superior a 20 minutos), podendo surgir de forma súbita, mesmo em repouso.


A doença coronária também pode passar despercebida durante anos, manifestando-se mais tarde por sintomas de insuficiência cardíaca, como o cansaço fácil com o esforço.


Que efeitos tem esta doença na qualidade de vida das pessoas? 

Esta patologia tem um impacto negativo significativo na qualidade de vida das pessoas, não só pelo aumento das hospitalizações e da mortalidade, mas também por se associar à diminuição do bem-estar físico e mental, ao reduzir a capacidade de realizar as tarefas do dia-a-dia e se associar a maiores níveis de ansiedade e depressão.


Aumenta o risco de enfarte? Porquê? 

Sim, uma vez que o enfarte agudo do miocárdio se caracteriza pela rotura súbita de uma placa de aterosclerose numa das artérias coronárias, com consequente formação de um coágulo sanguíneo à sua superfície que vai obstruir completamente o fluxo sanguíneo.


Que outro tipo de complicações pode causar? 

Pode causar também insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e morte súbita.


Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico baseia-se na história clínica do doente, na sua observação e na realização de alguns exames complementares de diagnóstico, como o eletrocardiograma (registo dos impulsos elétricos do coração que pode mostrar indicações de uma artéria bloqueada), o ecocardiograma (visualização da estrutura e funcionamento do coração com recurso aos ultrassons) e um teste para visualização das obstruções coronárias (angiografia coronária por TAC) ou avaliação da sua relação com os sintomas, como a prova de esforço em tapete rolante ou o ecocardiograma de esforço, entre outros. Pode ser necessário ainda fazer um cateterismo cardíaco / angiografia coronária invasiva para confirmar a lesão das artérias coronárias.


A doença coronária é crónica e progressiva, pelo que não é curável, mas tratável.


Quais são os tratamentos utilizados? 

Os objetivos principais dos tratamentos da doença coronária são o controlo dos fatores de risco para evitar a sua progressão, o alívio dos sintomas e a redução das suas complicações, especialmente, o enfarte do miocárdio. Podem incluir alterações ao estilo de vida (por exemplo parar de fumar, praticar exercício físico, ter uma alimentação equilibrada, controlar a pressão arterial), medicação ou, em casos mais graves, intervenções minimamente invasivas, como a angioplastia coronária, que consiste na desobstrução da artéria coronária afetada com colocação de um 'stent', uma rede em forma de tubo que mantém o vaso aberto.


É algo curável ou que simplesmente passível de se controlar? 

A doença coronária é crónica e progressiva, pelo que não é curável, mas tratável. Assim, uma vez diagnosticada, é fundamental que se instituam medidas eficazes para corrigir os fatores de risco e evitar as possíveis complicações.


É possível prevenir a doença? Como? 

A melhor maneira de prevenir a doença coronária é combater os fatores de risco cardiovascular e adotar um estilo de vida saudável, incluindo:


  • realizar exercício físico de intensidade moderada de forma regular (pelo menos 30 minutos por dia, cinco dias por semana), o que além de melhorar a saúde cardiovascular ainda tem o benefício de manter o bem-estar físico e psíquico;
  • ter uma alimentação equilibrada (por exemplo dieta mediterrânica ou similar, limitando o consumo de sal para <5 g/dia, de gorduras para <30% do total de calorias por dia e de gorduras saturadas e açúcares simples para <10% do total de calorias);
  •  controlar o peso (índice de massa corporal ideal < 25 kg/m2);
  • não fumar (o tabaco é responsável por 50% das mortes evitáveis em fumadores);
  •  limitar o consumo de álcool.

De forma sinérgica e quando necessária, a utilização de medicação apropriada para o controlo da pressão arterial, do colesterol e dos níveis de açúcar eleva­ dos (diabetes) pode minimizar o risco de uma doença cardiovascular aguda potencialmente fatal.


É assim importante manter um seguimento regular no seu médico, de forma a ser efetuada uma avaliação do seu risco cardiovascular global e estabelecido um plano de intervenções individualizado que favoreça o controlo de todos os fatores de risco modificáveis.


Publicado em LIFEESTYLE ao MINUTO (14/fev/2023)